quarta-feira, 13 de novembro de 2013

SEGURANÇA PÚBLICA E A APOSTA NO JOGO DO BICHO


Hoje segurança pública virou jogo do bicho. Todo mundo acha que pode dar o palpite do dia. Hoje, comentar sobre segurança pública é exatamente como apostar no jogo do bicho: ninguém pensa por que faz, quais as consequências do que faz, quem pode prejudicar ou ajudar fazendo aquilo.

Joga-se porque é parte da cultura, porque é divertido, porque existe a chance de acertar. Palpita-se porque faz parte da cultura; destrói-se, porque é divertido; critica-se, porque existe a chance de acertar.

Quando falo disso, lembro-me do meu artigo de despedia do livro “Diálogos sobre Segurança Pública: o fim do estado civilizado”, no qual lamento a forma como a segurança pública e a polícia são tratadas pela maioria das pessoas, com “achismos” e opiniões mal formuladas. Lembro-me de como já pensei em desistir, em como já lamentei tudo e todos na polícia, na segurança e na política, como já pensei em parar.

No entanto, hoje não vim me lamentar, mas expressar minha admiração pelos homens que conduzem a segurança pública e as polícias, os quais se expõem e tentam, dirigindo nossa sociedade para tempos melhores. Não é fácil, por óbvio, nem tão pouco rápido ou certo. No entanto, hoje, não vejo tão somente apostas em segurança pública.

Não sei quanto tempo isso vai durar, se é uma nova cultura ou uma chispa passageira de esperança, mas é certo que hoje a segurança pública está pensando seus problemas e prospectando possíveis soluções. Deixou-se de tão somente apostar.

É importante que todos os setores da sociedade - a mídia, o Ministério Público, o Poder Judiciário, a OAB e os próprios policiais - enxerguem que “fazer polícia”, controlar o crime e administrar a segurança pública não se trata de fazer apostas. Não se trata de dar entrevistas e aparecer como o setor de visão crítica e índole ilibada.

As pessoas precisam entender que uma disputa institucional não é “quem ganha ou perde”, porque nesta disputa todos saem derrotados. Adotar políticas públicas não é ter opinião e uma ideia. Convicções coroam as más decisões, a ignorância e o erro. Coragem é fundamental, mas não pode ser desprovida de estudo, preparação, treinamento e reflexão. Não confundam voluntarismo e ímpeto com loucura e despreparo.

Fazer segurança pública não é como apostar no jogo do bicho e depois sair criticando tudo que há de errado no Brasil. Há consequências, há coisas que não se fazem, há liberações que precisam ser pensadas, há estudos que balizam decisões e diretrizes. Temos que parar de brincar de falar sobre segurança pública e de seus administradores. Não falo sobre tudo que existe no mundo simplesmente porque posso falar. Entrego meu silêncio sobre as várias coisas que não sei.

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